UMA ELEIÇÃO MARCADA PELA EXPRESSIVIDADE DOS NÚMEROS

  • Para buscar entender este resultado, conversamos com um cientista político rio-grandino

As eleições do último final de semana foram marcadas pela expressividade de seus resultados. A vantagem do prefeito reeleito, Alexandre Lindenmeyer, em relação ao segundo colocado foi de 34.063 votos e mesmo que fossem somados todos os resultados dos demais opositores, o número seria insuficiente para bater o candidato do Partido dos Trabalhadores.

No entanto, ainda dentro deste contexto, o que mais chamou a atenção foi o índice de abstenções, votos brancos e nulos. Para se ter uma ideia, 29.882 pessoas não compareceram aos locais de votação por algum motivo, 4.414 rio-grandinos votaram em branco e outros 7.943 anularam o voto.

Dependendo do cenário político, a soma destes resultados poderia perfeitamente eleger um candidato em municípios com eleitorados semelhantes ao apresentado por Rio Grande. Juntos, os votos brancos, nulos e as abstenções chegam ao valor de 43.239.

Mas o que motivou os rio-grandinos a responderem dessa maneira nas urnas? Para nos ajudar a entender este resultado, convidamos o cientista político, Cristiano Engelke.

De acordo com ele, este alto número de brancos e nulos, somados às abstenções é um sinal de descontentamento da população com a política, o que deve ser objeto de preocupação. “A campanha de desvalorização e descrença na política é grave, pois se traduz também em uma crise de valores democráticos”, completou Engelke.

O especialista comentou que esta eleição aconteceu em um momento político extremamente delicado e citou o processo de impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff, como um dos exemplos de ruptura com o Estado Democrático de Direito. “Se mostra urgente a necessidade de reconstrução da nossa democracia e dos valores a ela relacionados, em especial a valorização da participação política democrática”, finalizou ele.

Texto: Rodrigo de Aguiar

Foto: Divulgação

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