FESTIVAL DE CERVEJAS ARTESANAIS: UMA MISTURA DE AROMAS E SABORES NO PARTAGE SHOPPING
O corredor principal do Partage Shopping esteve lotado neste sábado, devido ao festival de cervejas artesanais que acontece durante o final de semana no centro comercial. No local participam 15 cervejarias gaúchas que juntas oferecem 65 tipos diferentes da bebida. Esta é primeira vez que um evento neste formato é realizado na região.
De acordo com a gerente de marketing do empreendimento, Michelle Rossettini, a ideia de promover uma programação deste porte surgiu em virtude do crescimento da onda das cervejas artesanais e também para possibilitar que os rio-grandinos pudessem desfrutar de eventos que atualmente só acontecem na capital e região metropolitana. Paralelo ao festival ocorre, ainda, a exposição Mundo Jurássico que foi prorrogada até o dia 16 deste mês.
Uma proposta bastante diferenciada está chamando a atenção dos participantes: é a campanha “meucopoeco”. Conforme o organizador da Matinê Cervejeira, Thiago Gonzales, o visitante pode adquirir o copo para consumir a bebida e ao final, se quiser, devolvê-lo e pegar seu dinheiro de volta, produzindo, assim, uma baixa quantidade de lixo.
Caminhando entre os estandes e conhecendo as histórias das pequenas fábricas, é possível perceber que o fato de ser artesanal torna estas cervejas diferentes daquelas comercializadas no varejo, mas você já pensou em consumir uma bebida produzida na zona rural? Essa é a proposta da Zapata, criada em Viamão, com o intuito de ser uma cervejaria revolucionária.
Quem nos explica essa história é Filipe Araújo, um dos proprietários. Sua construção foi projetada a partir de um conceito inédito no país, denominado Farmhouse Brewery, que tem como referência as cervejarias de fazendas franco-belgas e norte americanas. A produção das bebidas utiliza levedura selvagem e insumos próprios e, por conta dessa peculiaridade, a instalação em um polo industrial impediria que fosse dada sequência à proposta.
Com uma equipe formada por biólogos, a fábrica possui uma preocupação muito grande com a questão ambiental, tanto é que os resíduos sólidos da produção são encaminhados para a alimentação dos animais e o leite produzido pelas vacas, por exemplo, é doado às creches do município. No festival estão sendo comercializadas cervejas da série “Descubra-se Revolucionário”, mas os cervejeiros já estão pensando na próxima coleção, que deverá ser composta por bebidas mais ácidas em que as estrelas serão as frutas da região, como o araçá, pitanga, butiá e açaí juçara.
Quem também participa do evento é a cervejaria Javali, sediada em Pelotas. De acordo com o proprietário da fábrica, Wladimir Peixoto, a principal missão é difundir a cultura cervejeira pela região, disponibilizando ao consumidor uma bebida diferenciada, buscando sobretudo um estilo autêntico.
Atualmente, a Javali conta com três rótulos na primeira linha e o último, denominado Californian American Ipa, deu o pontapé inicial da nova produção. Ainda, conforme Peixoto, a comercialização se dá somente para bares de cervejas artesanais, mas a ideia é expandir para a rede varejista e assim possibilitar um maior o dos clientes aos produtos da marca.
A arte cervejeira também pode ser praticada em família. É o caso de Leonardo Salvador e seu irmão, que possuem uma Kombi, ano 1991, e um caminhão Engesa, ano 1976, que pertenceu ao Exército e hoje funciona como uma grande câmara fria para o armazenamento de suas bebidas.
A dupla produz cerveja há dois anos e antes de fazerem suas próprias criações, Leonardo já havia trabalhado como cervejeiro, o que acabou facilitando o desenvolvimento da atividade. O próximo o para a qualificação do produto que é entregue ao destinatário final é a produção em fábrica própria, pois atualmente ela se dá em maquinários alugados, mas dentro de um ano a situação já deverá estar resolvida, explicou Salvador.
O caminhão, que chama a atenção por onde a, foi adquirido em Flores da Cunha, no ano ado, de uma pessoa que conta com viaturas militares em seu acervo e levou três meses para ser transformado em câmara fria. Quando na ativa, ele funcionava como uma estação móvel de rádio e hoje, no espaço em que os soldados desempenhavam suas atividades, há um tanque com capacidade para mil litros de cerveja e dez torneiras.
Aos clientes que visitarem o festival estão sendo ofertados cinco tipos da bebida, que vão desde aquelas com a adição de limão siciliano às mais amargas, compostas por malte especial, com aromas de caramelo, castanha e chocolate.
Os rio-grandinos também não ficam atrás, quando o assunto é produção de cerveja. O empresário Thiago Nader, proprietário do restaurante Garden Grill do shopping, conta com uma cervejaria no interior do estabelecimento e está inserido nessa cultura há quatro anos.
Para ele, essa é uma oportunidade de desmistificar a ideia de que cerveja artesanal é cara e também uma possibilidade dos clientes provarem novos sabores e assim consigam fazer uma avaliação daquilo que é produzido por aqui. Em sua visão, um evento como este serve para auxiliar os cervejeiros na qualificação das suas receitas, proporcionar um momento de troca de ideias e, principalmente, de experiências.
O superintendente do shopping, Celso Couto, avaliou o primeiro dia como um grande sucesso e disse que a ideia da istração é dar continuidade a eventos deste porte, muito por conta da boa aceitação da comunidade.
Para marcar a agem do festival por Rio Grande, o espaço em que estava a maquete do empreendimento terá uma das paredes grafitada pelo artista portoalegrense, Lucas Stuczinski, e a logo que será pintada na parede foi elaborada pelo setor de marketing do centro comercial.
Um baterista cervejeiro
A tarde de ontem foi marcada pela presença do baterista da banda Nenhum de Nós, Sady Homrich. O músico contou a nossa reportagem que se interessou muito cedo pelas cervejas artesanais e no início da década de 80 já estava em casa produzindo a bebida, na busca por uma surpresa sensorial.
Homrich as caracterizou como uma manifestação gastronômica e cultural e complementou dizendo que não é possível que as pessoas se mostrem indiferentes para essa nova realidade. Enquanto esteve na cidade, ele produziu nas dependências do Garden Grill uma Baltic Porter, que deverá ser levada à apreciação dos clientes da casa em pelo menos 45 dias.
Na última quarta-feira, a banda completou 30 anos de carreira com a mesma formação e Homrich aproveitou as viagens para saborear novas cervejas e ampliar o conhecimento na área. Sady é formado em engenharia química pela PUC de Porto Alegre.
Texto: Rodrigo de Aguiar
Fotos: José Silveira